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Acepromazina em equinos – Mito ou fato?

A acepromazina é um dos medicamentos mais utilizados na tranquilização de equinos. Promove efeito interessante e duradouro, por até 6 horas, sendo eficiente como medicação pré-anestésica ou mesmo em transportes prolongados. Porém, um efeito muito conhecido, mas pouco visto é a ocorrência de exposição peniana. A literatura sempre cita a possibilidade de exposição permanente do pênis no macho, garanhão principalmente, após administração de acepromazina. Mas isso procede?

A inabilidade da retração peniana, a qual é diferente de priapismo (exposição prolongada do pênis ereto), é geralmente observada em equinos sedados. O músculo retrator do pênis apresenta inervação essencialmente adrenérgica e qualquer medicamento que diminua o tônus simpático pode promover esse efeito. Porém, a exposição peniana é mais duradoura com o uso de fenotiazínicos e pode perdurar por várias horas, conforme quase todos os livros-texto que temos acesso.

Porém, esses dados são um pouco distorcidos. Os relatos (antigos por sinal) de exposição prolongada geralmente estão envolvidos com doses elevadas de acepromazina, como 0,4 mg/kg ou mais, o que é impensável atualmente.

Um estudo retrospectivo de Driessen et al. (2011) avaliou a influência da acepromazina em casos de exposição peniana. De 5321 machos anestesiados, 575 receberam o fenotiazínico; desses, 2,4% apresentaram exposição peniana por até 4 horas e 0,2% por até 18 horas, não ocorrendo casos irreversíveis.

Ademais, de acordo com um formulário aplicado em 43 instituições renomadas, verificou-se que a ocorrência de exposição peniana permanente é menor que 0,015%, o que de certa forma desmistifica essa correlação. Será?


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2 thoughts on “Acepromazina em equinos – Mito ou fato?

  • Roberta

    Quer dizer que em doses menores e talvez associada, poderá ser utilizada?
    Estou adorando o conteúdo, obrigada!

    Reply
  • Olá Roberta, fico contente de estar gostando do site!
    A sua pergunta não tem uma resposta simples rsrsrs. Mas vamos lá:
    – Atualmente utilizamos doses entre 0,03 a 0,05 mg/kg (IV) em equinos. Pode usar 0,1 mg/kg? Pode, mas é uma dose atualmente considerada um pouco alta. Obviamente, quanto menor a dose menos os efeitos indesejáveis. Nesse ponto você tem razão!
    – Associada? Depende com o que… se você associar com um agonista alfa2, você poderia ter uma somatória de efeitos e, talvez isso possa agravar um possível quadro de exposição do pênis (alfa2 também causam isso, principalmente xilazina). Eu associaria com opioides em situações de cirurgia. Utilizamos normalmente aqui metadona e morfina. Teremos uma videoaula de opioides em breve.
    – Como tranquilizante isolado? Atualmente prefiro usar detomidina ou mesmo xilazina… Tenho usado pouco acepromazina nos equinos em geral.
    Abraços!

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