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ACEPROMAZINA ou DEXMEDETOMIDINA ❓ – NAVE Tretas #5 – NAVE Tretas #4

Parece que tudo hoje em dia gera treta e polarização, né? Temos visto uma discussão entre usar acepromazina ou dexmedetomidina na MPA de Cães e Gatos. Bom, essa discussão é um pouco sem fundamento, pois esses medicamentos não são muito bem “comparáveis”. O que queremos com um nem sempre é o que queremos com o outro.

Como já falamos na videoaula sobre fenotiazínicos, da playlist Anestesia é o Básico, a acepromazina foi um dos medicamentos mais utilizados como MPA, especialmente em cães. Em gatos nós já falamos que o efeito não é muito interessante… (clique nesse link para saber mais, ok?). Porém, ultimamente a dexmedetomidina tem sido priorizada na MPA em cães e gatos. Tudo bem que ela é um pouco melhor do que a xilazina, como nós já falamos na videoaula sobre agonistas alfa-2 adrenérgicos, mas será que ela é realmente melhor que a acepromazina? Vamos “tentar comparar esses dois medicamentos”, para ver se essa discussão tem lógica ou não…

Tranquilização vs Sedação

O primeiro ponto que temos que entender é que a acepromazina é um tranquilizante. Portanto, em doses adequadas ela promove tranquilização. Mesmo que sejam administradas doses elevadas, a acepromazina não vai promover sedação. Então, se estamos buscando sedação, a acepromazina não é a melhor opção.

Já a dexmedetomidina é um sedativo. Então, em doses adequadas ela promove sedação. Mas em doses mais baixas ela pode promover apenas tranquilização. Assim, conseguimos “dosar” o impacto da dex na depressão, de acordo com a dose. Isso, sem dúvidas, é uma vantagem!  

Analgesia

Aqui não tem muito pra onde correr… a acepromazina não causa analgesia, ao contrário da dexmedetomidina, que é considerada um bom analgésico. Porém, geralmente quando usamos a acepromazina na MPA, associamos a um opioide, promovendo neuroleptoanalgesia. Isso muda tudo! Nesse caso teremos sedação e analgesia; isso porque a associação da acepromazina com opioide promove maior depressão do SNC, causando sedação; a analgesia, lógico, virá do opioide. A depender da combinação feita, teremos sedação tão intensa ou maior que a dexmedetomidina, o mesmo valendo para analgesia. Pense nisso!

Alterações Cardiovasculares

Esse ponto talvez seja o mais importante nessa “comparação”. Como nós já vimos nos videos sobre MPA, tanto a acepromazina quando a dexmedetomidina promovem alterações cardiovasculares. Mas certamente os efeitos da dex são bem mais intensos.

A acepromazina promove diminuição da pressão arterial, por efeito nos receptores alfa-1, e da contratilidade do miocárdio. Isso tudo pode gerar um efeito compensatório, de aumento da frequência cardíaca, ao menos em cães. Mas esse efeito pode ser sutil quando utilizamos doses clínicas, entre 0,02 e 0,03 mg/kg.

Já a dexmedetomidina promove alteração dos parâmetros cardiovasculares com mais intensidade. O principal efeito é a hipertensão, decorrente de ativação dos receptores alfa-2 arteriais. Isso promove aumento da resistência vascular periférica e, por estimulação vagal, teremos bradicardia reflexa.

Portanto, esses dois medicamentos promovem alterações consideráveis, ainda que a dex seja mais intensa nisso. De pronto, o ideal é evitamos ambos os medicamentos em pacientes cardiopatas, especialmente quando esses animais apresentam sintomatologia clínica.

Outras Particularidades

Outros efeitos importantes que devem ser considerados são os de que a acepromazina promove esplenomegalia temporária, por sequestro de hemácias, bloqueio do centro termorregulador e também não tem antagonista, ou seja, nós precisamos esperar o efeito dela passar, que pode durar até 6 horas. Já a dexmedetomidina promove diminuição do hormônio antidiurético, fazendo com que o animal urine mais, e aumenta a glicemia do paciente, o que deve ser considerado em pacientes diabéticos, por exemplo.

Outro ponto importante é o valor da dexmedetomidina, que chega a ser entre 10 e 20 vezes mais caro que a acepromazina. Desde que possamos usar os dois medicamentos, isso também pode ser considerado.

Diante de tudo isso, percebemos que há vantagens e desvantagens de cada um deles. O que precisamos compreender é o que queremos do medicamento, o que ele pode nos oferecer de bom e também os efeitos indesejáveis, especialmente pensando no melhor para o nosso paciente.

E ai? Consegue escolher agora?


Leia Também


Pra ler depois:
– Carregaro AB. Medicação pré-anestésica. In: Massone F. Anestesiologia Veterinária – Farmacologia e Técnicas. Ed Guanabara Koogan. 7a ed. 2019, 15-20.
– Cortopassi SRG, Fantoni DT. Medicação pré-anestésica. In: Fantoni DT, Cortopassi SRG. Anestesia em Cães e Gatos. 2a ed. Editora Rocca, 2010. 217-227.
Monteiro ER, Campagnol D, Parrilha LR, Furlan LZ. Evaluation of cardiorespiratory effects of combinations of dexmedetomidine and atropine in cats. J Fel Med Surg, 11: 783-792, 2009.


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