Planos Anestésicos em Cães
Olá tripulantes do NAVE, tudo bem? Nesse vídeo mostramos como caracterizar os planos anestésicos em cães. Ele complementa a video-aula “Monitoração Anestésica“, do Curso Anestesia é o Básico.
A anestesia geral promove depressão do SNC e há vários sinais que caracterizam cada Estágio. Esses estágios foram primeiramente determinados pelo médico do exercito americano Arthur Ernest Guedel. Ele desenvolveu uma habilidade única em determinar cada plano anestésico da anestesia geral que, naquela época, era basicamente realizada com éter.
Assim, durante a I Guerra Mundial, ele foi o principal anestesista do exército americano e precisava ir em vários hospitais de campanha, localizados na região de Vosgos, França, pra ensinar o corpo clínico a reconhecer um paciente em anestesia adequada. Então, ele visitava seis hospitais, todos os dias, com sua moto (tô tentando descobrir o modelo até hoje…), para supervisionar os colegas. Por isso, ficou conhecido como “O Anestesista Motoqueiro”.
Ele dividiu as fases da anestesia em 4 Estágios, sendo que o terceiro foi subdividido em 4 planos. Eles foram baseados nas características cardiorrespiratórias, reflexos protetores, posicionamento de globo ocular, tamanho de pupilas, salivação e miorrelaxamento:
Estágio I
Vai desde o estado de alerta até a perda da consciência.
Estágio II
Conhecido como estágio de delírio. O paciente está inconsciente, mas apresenta movimentos involuntários, reflexo de tosse, taquicardia e taquipneia.
Estágio III
Chamado de estágio cirúrgico. Para melhor classificar o paciente nesse estágio, ele é subdividido em 4 planos:
– Plano 1: Nesse plano cessam os movimentos voluntários mas ainda há miorrelaxamento insuficiente, manutenção dos reflexos protetores (laringotraqueal, palpebral e interdigital), possível taquicardia e taquipneia, salivação e globo ocular centralizado, com nistagmo e em midríase.
– Plano 2: É considerado um dos planos cirúrgicos. Há perda do reflexo laringotraqueal e interdigital, mas reflexo palpebral e corneal presentes. Já não há taquicardia e a respiração já fica compassada, com padrão toracoabdominal. O globo ocular está rotacionado.
– Plano 3: Também considerado como plano cirúrgico, mas um pouco mais profundo. Há perda de reflexo palpebral e corneal discreto. Há bradicardia discreta e bradpneia. Pode ocorrer hipotensão discreta. A respiração ganha padrão adbominotorácico. O globo ocular pode estar centralizado.
– Plano 4: Considerado plano de anestesia inadequado pois o paciente já está profundo na anestesia. Há perda de todos os reflexos protetores, globo ocular centralizado e pupilas em midríase, apneia, bradicardia e hipotensão.
Estágio IV
O estágio 4 é o momento iminente de morte, com choque bulbar. Há sobredose anestésica, com colapso vasomotor, pupilas em midríase, apneia, bradicardia intensa, hipotensão considerável. Assim, os pacientes devem ser mantidos em anestesia geral nos planos 2 ou 3.
Atualmente a caracterização dos planos anestésicos é mais flexível e são divididos como:
Plano Superficial
Animal apresenta manutenção dos reflexos protetores, miorrelaxamento insuficiente, globo ocular centralizado, em midríase, podendo apresentar nistagmo. Podem ser observadas taquicardia, hipertensão e taquipneia. A respiração tem padrão toracolombar.
Plano Adequado
Animal apresenta perda de reflexos interdigital e laringotraqueal e talvez palpebral, mas o corneal está presente. O globo ocular está rotacionado e com pupilas em miose. Observa-se FC adequada, FR adequada e discreta diminuição da pressão arterial. O miorrelaxamento é adequado.
Plano Profundo
Animal apresenta perda de todos os reflexos protetores (interdigital, laringotraqueal, palpebral, corneal), globo ocular centralizado e em midríase, bradicardia, hipotensão, bradpneia ou até apneia.
Os padrões na anestesia geral veterinária seguem praticamente os mesmos determinados em humanos, com algumas poucas diferenças entre as espécies. Por exemplo, os equinos e felinos tendem a medializar o globo ocular ao invés de rotacionarem totalmente, como nos cães. Os ruminantes mantém salivação, mesmo em planos mais profundos de anestesia. É importante lembrar que essa caracterização não é aplicável na anestesia dissociativa, pois essa modalidade não promove anestesia geral, ou seja, não há depressão generalizada do cérebro.
Veja detalhadamente as características de cada um dos planos anestésicos em cães assistindo ao vídeo!
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– Carregaro AB, Silva ANE. Monitoração Anestésica. In: Luna SPL, Carregaro, AB. Anestesia e Analgesia de Equideos, Ruminantes e Suínos. 247-280, 2019.
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– Taylor PM, Clarke KW. Monitoração. In: ___ Manual de Anestesia em Equinos. 2a ed. Editora MedVet, 2009. p. 87-104.
– Wakley T. The History of Anesthesiology Reprint Series: Part 4 Signs and Stages of Anesthesia, 1974.
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