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Como escolher a melhor sonda para intubar gatos?

Escrito por: Leonardo Rato, Mariana Adib Henriques e Adriano Carregaro

Olá, tripulantes do NAVE! Nesse post vamos abordar um tópico essencial para a segurança e eficácia na anestesia geral em gatos: A intubação.

A anestesia geral interfere na capacidade do paciente em realizar sozinho uma respiração eficaz, pois os agentes anestésicos podem causar relaxamento dos músculos responsáveis pela inspiração e expiração. Nesses casos, a intubação é fundamental pois facilita a respiração e consequentemente as trocas gasosas. Em gatos, a intubação pode ser realizada por duas maneiras: por intubação orotraqueal convencional e por intubação supraglótica, com máscara laríngea ou com sonda V-gel. Vamos discutir as diferenças, vantagens e desvantagens de cada uma?

Intubação Orotraqueal Convencional

A intubação orotraqueal é o método mais utilizado na anestesia geral. Ela consiste na inserção de uma sonda na boca do gato até a traqueia com ajuda de um laringoscópio e de um mandril guia, visto que a sonda para esses animais é pequena e necessita de um auxílio para ser introduzida. Normalmente é necessário a instilação de lidocaína na região da laringe para dessensibilizar a área e evitar o reflexo de laringoespasmo. A sonda possui um balonete (também conhecido como cuff) próximo à sua extremidade distal que, ao ser inflado, evita qualquer escape de gases e secreções entre a sonda e a traqueia. Essa sonda está disponível em diversos tamanhos, o que permite a escolha de acordo com o peso e tamanho do animal.  

Material para intubação orotraqueal em gatos: Sonda orotraqueal, fio guia, laringoscópio e lidocaína.

Vantagens:

  • É o método de intubação mais difundido para oferecimento de uma via aérea segura ao animal;
  • O valor da sonda orotraqueal é relativamente baixo em relação às outras opções.

Desvantagens:

  • Pode estar associada a traumas na epiglote, aritenoides e traqueia no momento de inserção da sonda por tamanho inadequado do tubo ou insuflação excessiva do balonete, que gera aumento de pressão sobre a mucosa da traqueia, podendo acarretar necrose devido a isquemia tecidual;
  • Durante a inserção da sonda, pode acontecer dificuldades devido ao laringoespasmo, comum em gatos;
  • A sonda é descartável e não tem indicação de ser autoclavada.

Máscara Laríngea

A máscara laríngea foi uma das primeiras alternativas à intubação orotraqueal, utilizada na medicina humana para recém-nascidos. Consiste em um dispositivo com formato de máscara, posicionado sobre a faringe do paciente. A borda desta sonda é inflável e garante vedação ao redor da laringe para evitar que haja refluxo de secreções e vazamento de gases anestésicos.

É recomendado que o gato esteja com a cabeça estendida e que seja feito a aplicação de anestésico local, assim como na intubação clássica, para dessensibilizar a região e evitar laringoespasmo. Nós podemos encontrar a máscara laríngea em cinco tamanhos, sendo que os tamanhos 1 e 2 são os mais utilizados para gatos. 

Vantagens:

  • Redução de tosses e desconfortos nas vias aéreas superiores no pós-operatório, devido o menor impacto sobre a traqueia;
  • Tem menor interferência sobre a produção mucociliar do trato respiratório, podendo reduzir secreções em comparação com a intubação traqueal;
  • É considerada de fácil inserção, dispensando o uso de laringoscópio.

Desvantagens:

  • O mau posicionamento da máscara laríngea constitui um fator de risco para a ocorrência de insuflação gástrica, uma vez que o ar pode ser redirecionado para o interior do esôfago; por isso é fundamental o uso de capnógrafo, identificando a onda de ETCO2 quando estiver adequadamente posicionada;
  • Caso a pressão exercida pela máscara laríngea sobre a faringe seja superior à pressão de perfusão capilar da mucosa, existe a possibilidade de isquemia e paralisia do nervo hipoglosso;
  • Assim como na intubação traqueal, pode ser necessário a instilação de lidocaína na região da laringe para evitar o laringoespasmo.

Sonda V-gel

A sonda V-gel foi projetada especificamente para uso em animais. Ela é inserida na faringe, com sua extremidade distal desenhada anatomicamente para um de seus lados selar o esôfago, enquanto o outro tem uma abertura que se alinha com a traqueia e permite a passagem de ar. Dessa forma, possui um design adaptado para proporcionar uma vedação eficaz da via aérea e fácil posicionamento, evitando que ocorra vazamento de gases anestésicos e refluxo de secreções. 

Vantagens:

  • É projetada para gatos e coelhos (modelos diferentes), por isso se adapta à anatomia da orofaringe e laringofaringe dos animais, sendo uma alternativa confiável;
  • Evita trauma laríngeo e traqueal, o que reduz a incidência de tosses e desconfortos nas vias aéreas superiores no pós-operatório;
  • Sugere-se que uma via aérea segura é obtida mais rapidamente com a V-gel em comparação às outras técnicas de intubação;  
  • Devido seu material de fabricação, pode ser autoclavada e, portanto, é reutilizável.

Desvantagens:

  • Assim como na intubação com máscara laríngea, é fundamental o uso de capnógrafo para assegurar o adequado posicionamento da sonda;
  • A falta de prática em utilizar esse método pode acarretar mau posicionamento da sonda, correndo risco de insuflação gástrica e vazamento de fluidos da região oral e esofágica;
  • Valor da sonda relativamente elevado em comparação com as outras duas opções citadas anteriormente.

Como escolher?

Você deve estar se perguntando qual dessas sondas é a melhor opção, certo? A verdade é que não existe melhor e sim preferência. A escolha deve ser baseada em uma avaliação feita pelo próprio profissional, levando em consideração sua experiência e também a natureza do procedimento. A correta aplicação de cada uma dessas técnicas contribui significativamente para a segurança anestésica e o bem-estar dos gatos, minimizando riscos associados ao procedimento e proporcionando uma melhor recuperação pós-operatória. Mas e aí, depois de tanta informação você já tem um favorito?


Read also about:

Find out more:
– Asai T et al. Use of the laryngeal mask airway in laboratory cats. Anesthesiology, v.88, p.1680-1682, 1998.
– Cassu RN et al. Evaluation of laryngeal mask as an alternative to endotraqueal tube in cats anaesthetised under spontaneous or controlled ventilation. Vet Anaesth Analg, v.31, p.213-221, 2004.
– Malbtu JR. ALBTY, J.R. The laryngeal mask airway in anaesthesia. Can J Anaesth, v.41, p.888- 893, 1994.
– Voyagis GS, Papakalou EP. A comparison of the laryngeal mask and tracheal tube for controlled ventilation. Acta Anaesthesiol Belg, v.47, p.81-84, 1996.

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