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Oximetria de pulso (Onda Pletismográfica) – NAVE Ondas #2

A oximetria de pulso é certamente a monitoração mais difundida no mundo. A principal função do oxímetro é nos dar a saturação periférica de oxihemoglobina (SpO2), que tem certa relação com a saturação arterial de O2 (SaO2). O objetivo é sempre termos SpO2 acima de 95%, pois valores acima disso nos garante que a PaO2 está acima de 80mmHg, considerado normóxia. Outra informação importante é a avaliação da frequência cardíaca, pois ele detecta o pulso periférico. Porém, a curva pletismográfica é obtida apenas com oxímetros de melhor qualidade.

Onda padrão

A pletismografia tem uma onda bem característica, com um primeiro ramo ascendente bem pronunciado, que representa a sístole ventricular e um ramo descendente, representando a diástole. Há um entalhe no ramo descendente, que é chamado de incisura dicrótica ou nó dicrótico, e representa o fechamento da válvula aórtica. A porção final da onda também é chamada de “onda dicrótica”. Em teoria, qualquer alteração de pulso vai alterar a onda pletismográfica também. Então, se o paciente apresentar vasodilação, vasoconstrição, hemorragia, alterações na força de contração cardíaca ou no retorno venoso a curva poderá mudar.


Característica padrão da curva pletismográfica obtida com a oximetria de pulso. Nela podemos ver a fase sistólica (em azul) e diastólica (em vermelho). Destaque para a incisura dicrótica, representando o fechamento da válvula aórtica. Fonte: Tusman et al, 2017.


Alterações na Onda Pletismográfica

As alterações da onda pletismográfica estão relacionadas à altura, largura da onda e também a posição da incisura dicrótica. Nós podemos ver na figura abaixo que, quanto mais vasodilatado estiver o paciente, mais alta é a onda e mais estreita ela é. Podemos ver também que a incisura dicrótica muda de posição. Quanto mais vasodilatado, mais perto da linha de base ela fica. Por outro lado, quanto mais intensa for a vasoconstrição, mais baixa e alongada a onda é, com a incisura dicrótica ficando a parte superior do ramo descendente e às vezes até sumindo no pico da onda.

Classificação dos diferentes padrões de onda pletismográfica, de acordo com situações de vasodilatação e vasoconstrição. Fonte: Tusman et al., 2017.

Possíveis interferências na obtenção da onda

Porém, só é possível correlacionar essas alterações durante a anestesia se a leitura for de boa qualidade, com ondas bem delineadas. Nesse aspecto, nós temos que entender as limitações dessa análise e saber que vários detalhes podem influenciar a leitura:

  • Tipo de sensor: A maioria dos equipamentos bons ainda são feitos num padrão humano. Então, a maioria deles segue anatomia para tal. Os sensores que se encaixam no dedo humano são muito ruins para o uso em animais, pois são côncavos na parte interna (para acomodar o dedo) e nem sempre encaixam bem. Os sensores veterinários geralmente são de presilha.
  • Local de leitura: Geralmente utilizamos o sensor na língua ou orelha. Mas podemos colocar também nos lábios, teto, interdígito ou qualquer outra região que seja sem pelos, livre de pigmentação e que tenha fluxo sanguíneo adequado.
  • Alteração na coloração de mucosa: Não só a pigmentação vai atrapalhar a leitura. Situações como icterícia, anemia severa, metahemoglobinemia e carboxihemoglobinemia podem alterar a absorção de luz e, com isso, confundirem a leitura do oxímetro.
  • Alteração na perfusão periférica: Diminuição de contratilidade cardíaca, hipotensão severa e vasoconstrição intensa podem diminuir tanto a perfusão periférica que alguns sensores não detectam a onda pletismográfica. Isso, por exemplo acontece quando administramos agonistas alfa2 adrenérgicos. A vasoconstrição pode ser tão intensa que o oxímetro não vai conseguir identificar o pulso.
  • Mal posicionamento do sensor: Alguns oxímetros menos precisos dão uma certa bugada quando não estão bem posicionados. Eles acabam “reconhecendo” pulso devido à luz ambiente. Isso pode acontecer em ambientes mais claros, por exemplo. Nesse caso, todo o sensor deve estar bem posicionado no local de leitura.
  • Padronização: A leitura idealizada na onda pletismográfica tem sido idealizada segundo a fisiologia humana. Ainda que ela seja útil para mamíferos, há diferenças entre as espécies e isso deve ser compreendido.


Diante disso, temos que relativizar a monitoração com oximetria de pulso. Particularmente, a oximetria de pulso tem sua relevância, principalmente no pós-operatório imediato, para analisarmos se o animal está conseguindo saturar bem, pois episódios de hipoxemia no pós-anestésico imediato são comuns. A onda pletismográfica também é interessante, sem dúvidas, mas desde que analisada em conjunto com outros parâmetros, como a onda de pressão arterial invasiva e com a clínica do paciente.


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– Cugmas B et al. Photoplethysmography in dogs and cats: a selection of alternative measurement sites for a pet monitor. Physiol Meas, 40:01NT02, 2019.
– Mair A et al. Appraisal of the ‘penumbra effect’ using lingual pulse oximetry in anaesthetized dogs and cats. Vet Anaesth Analg, 47:177-182, 2019.
– McMillan M. Pitfalls and common errors of anaesthetic monitoring devices. Part 1: Pulse oximetry. Vet Nurs J, 31:297-302, 2016.
– Pedersen T et al. Pulse oximetry for perioperative monitoring. Cochrane Database of Syst Rev, 3:CD002013, 2014.
– Tusman G et al. Photoplethysmographic characterization of vascular tone mediated changes in arterial pressure: an observational study. J Clin Monit and Comput, 33:815-824, 2019.
– Tusman G et al. Advanced uses of pulse oximetry for monitoring. Anesth Analg, 124:62-71, 2017.


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