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Anestesia Inalatória em Iguanas

Olá pessoal, tudo bem? Nesse vídeo vamos mostrar a técnica de sedação, indução e manutenção anestésica em iguanas verdes (Iguana iguana), além da monitoração básica.

Os lagartos, e répteis em geral, têm algumas particularidades na anestesia, principalmente por serem animais ectotérmicos, ou seja, eles obtém calor do meio ambiente (Sol ou fonte de calor) para manter a temperatura corpórea.

Devemos lembrar também que há diferenças dos répteis em relação às aves e mamíferos em relação no sistema cardiovascular, principalmente na anatomia cardíaca. Dependendo dos animais o septo interventricular cardíaco não é completo, permitindo que haja shunt cardíaco, direito ou esquerdo, a depender das condições externas. Porém, isso é muito mais importante em quelônios e menos importante nas cobras, lagartos e crocodilianos, sendo que esse último grupo tem o septo completo. Os pulmões também são diferentes, quando comparados aos mamíferos, sendo saculados.

Medicação Pré-anestésica

Nessa iguana utilizamos midalozam (2mg/kg, IM) para fazer a sedação. Os benzodiazepínicos são excelentes sedativos em lagartos e essa dose é bem segura. Após 5 minutos já conseguimos perceber sedação e com aproximadamente 15 minutos os animais ficam bem sedados. Nós geralmente avaliamos sedação por escala comportamental, verificando abertura de olhos, altura de cabeça, tônus muscular e reflexo de endireitamento. Mais detalhes sobre essa escala estão descritos no artigo de Bressan et al., (2019) e nas figuras abaixo.

Fig. 1. Comportamentos comuns em iguanas sedadas. Olhos semi-cerrados (esq.), perda de tônus muscular (centro) e perda do reflexo de endireitamento (dir).
Fig 2. Escala de sedação baseada em comportamentos de iguanas verdes (Bressan et al., 2019).

Indução/Manutenção

A indução anestésica por máscara facial ou câmara anestésica é bem fácil. Nesse vídeo utilizamos entre 5-6V% de sevoflurano. Poderíamos ter usado isoflurano, mas preferimos usar o primeiro devido à velocidade de indução e recuperação. Após cerca de 3 minutos já conseguimos intubar o animal. Utilizamos uma sonda 2.0, sem balonete. Devemos lembrar que os repteis não tem epiglote, tornando mais fácil a intubação (Fig. 3). Depois disso, colocamos o animal em um circuito não reinalatório, tipo Baraka, para manutenção anestésica, que ficou entre 3-3,5V% de sevoflurano.

Fig 3. Indução anestésica por máscara (esq.) e intubação traqueal (dir.).


Monitoração

A monitoração cardiovascular em lagartos pode ser facilmente realizada com um Doppler arterial. Com ele conseguimos auscultar a FC e a intensidade do fluxo (Fig 4). Também podemos obter o traçado eletrocardiográfico com o ECG, que também vai nos dar a FC. Ela também pode ser obtida com a oximetria (Fig 4). Nesse caso, a oximetria não é muito fidedigna pois a pele do animal não é propícia para isso. O melhor seria utilizarmos um sensor de transflectância ou colocarmos o sensor na língua do animal. Não fizemos isso porque ele era muito pequeno e o sensor iria atrapalhar o procedimento.

Fig 4. Monitoração em iguana verde mantida em anestesia geral com sistema não reinalatório. À esquerda podemos ver o doppler arterial e conectores. À direita, os parâmetros monitorados.

Também monitoramos a FR pelo capnógrafo. Ainda que possamos ver uma curva de capnografia, temos que lembrar que ela não é muito fidedigna pois estamos usando um circuito não reinalatório. Também monitoramos a temperatura, com um termômetro esofágico. A pressão arterial não invasiva pode ser avaliada pela cauda do animal, com auxílio de um manguito, como fazemos em pequenos animais. Utilizamos um manguito com aproximadamente 50% da circunferência da cauda do animal. Porém, nesse vídeo não conseguimos valores de pressão.

Recuperação Anestésica

A recuperação anestésica em repteis submetidos à anestesia inalatória é bem tranquila. Os animais voltam da anestesia após 20-30 minutos e são totalmente dependentes da temperatura corporal. Então, é importante mantermos a temperatura adequada desses animais (a depender de cada um) para que eles não demorem muito nesse processo.


Read also about:

Find out more:
– Bisetto SP, Melo CF, Carregaro AB. Evaluation of sedative and antinociceptive effects of dexmedetomidine, midazolam and dexmedetomidine-midazolam in tegus (Salvator merianae). Vet Anaesth Analg, 45, 320-328, 2018.
– Bressan TF, Sobreira T, Carregaro AB. Use of rodent sedation tests to evaluate midazolam and flumazenil in green iguanas (Iguana iguana). J Am Assoc Lab Anim Sci, 58, 1-7, 2019.
– Leal et al. Antinociceptive efficacy of intramuscular administration of morphine sulfate and butorphanol tartrate in tegus. Am J Vet Res, 78,1019-1024, 2017.


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